segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Pai não é mãe

Pai não é mãe. Li esta frase, outro dia, em um artigo de revista que advertia as jovens mães sobre essa confusão muito comum. De fato, percebi logo que há notável diferença entre pais e mães. Aqui em casa quem se preocupa se o Nicolas está respirando direitinho quando ele dorme mais tempo do que o normal sou só eu. Também sou eu quem escuta qualquer murmúrio à noite e levanta para ver se está tudo bem. Se me afasto do Nicolas por uma ou duas horas volto pra casa correndo e a primeira coisa que faço é pega-lo no colo. O Fabrício chega do trabalho e, serenamente, deixa suas coisas na mesa, vai ao banheiro lavar as mãos e, só então, se agarra ao pequenino. Eu brinco de imitar bichos, faço mamãe beijoqueira ou carrapatinho. O Fabrício brinca de avião que, inevitalvelmente, termina fazendo um pouso forçado no meio das almofadas, provocando gargalhadas no pequeno Nícolas. Somos, de fato, diferentes no jeito de cuidar e até de amar. Ambos igualmente importantes.
Mas nunca vou me esquecer do dia em que levamos o Nicolas para fazer o teste do pezinho. Ele tinha apenas 4 ou 5 dias e parecia tão frágil! Assim como nós, que estávamos recém descobrindo as emoções de sermos pais. Como quem não se importa com nada disso a enfermeira do laboratório fez um furo no pé do nosso pequeno e, desajeitadamente, espremeu o sangue nos papéis para o exame. Depois, tentou tampar o furo com um band-aid, mas o sangue não parava de jorrar e o Nicolas não parava de chorar. Alguns minutos depois ela conseguiu, enfim, encerrar o procedimento e eu fiquei ali, no rol de entrada do laboratório, com o coração apertado, tentando consolar aquele serzinho que chorava desesperadamente, enquanto o Fabrício foi buscar o carro. Ele deveria estacionar o carro na porta do laboratório, me ajudar a entrar e, então, iríamos pra casa com o nosso pequeno. O que vi, entretanto, foi um leão entrando pela porta minutos depois, perguntando o nome da enfermeira que tinha nos atendido. Ele estava certo de que a moça não tinha realizado o procedimento de forma correta e, certamente, não pensou quando deixou o carro no meio da rua apenas para saber o nome da pessoa que tinha causado sofrimento desnecessário ao nosso filho. Regina era o nome dela. Nunca mais a vimos e nunca mais falamos sobre o assunto, mas a experiência ficou marcada para mim. De fato, pai não é mãe, mas que às vezes parece, parece.

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