sábado, 1 de outubro de 2011

Quem é o Deus?

Estávamos indo para a aula de música e como quem pergunta qual a cor do cavalo branco de Napoleão, o Nícolas me aparece com esta:
    - Mamãe, quem é o Deus?
     - Deus? Ora, Deus é o criador de todas as coisas. Criou as árvores, a água, criou a nós mesmos!
     -  Eu sei mamãe, mas quem é ele? Onde ele mora? Como ele é? (O mais fofo é a mãozinha, mostrando a impaciência com uma resposta pronta que não responde nada!)
Respiro fundo, busco tudo o que já pensei e aprendi sobre este conceito tão grande e respondo:
                      - Deus é como o ventinho, meu filho.  Sabemos que ele existe, sentimos a sua presença, mas não podemos ver.
      - Ah! Entendi!...  Deus é o ventinho!
Bem... Não foi bem isso que eu quis dizer... Mas, quer saber? Sim, meu amor, Deus é o ventinho e também o céu azul que gostamos de admirar, a grama verde onde gostamos de correr mas, principalmente, Deus é este amor imenso que sinto por você, que mal saiu das fraldas e já começa a me apertar com perguntas difíceis!


domingo, 25 de setembro de 2011

Um pouco mais de paciência...

Outro dia, voltando de uma viagem, vi na beira da estrada muitas mamonas. Recordei-me da minha infância, quando ia passar férias na casa da minha avó  e minha tia, ainda solteira,  me levava para passear. No percurso, sempre encontrávamos uma folha de mamona para servir de guarda-sol. Que delícia eram esses passeios!  Também tinha o passeio dentro do carrinho de mão com o tio puxando, o queijo de trancinha que o meu avô fazia só para mim, a deliciosa sopinha da minha avô.  Recordações que enchem meu coração de ternura, que enchem minha vida de vida! Fiquei pensando: no fim das contas, o que conta são as pequenas coisas  vividas. O que me acalenta e me faz sorrir sozinha não é a recordação dos grandes acontecimentos da minha vida - as formaturas, o casamento, mas o beijo carinhoso que ganhei agora a pouco, o abraço apertado da minha pequena Cecília, o boa noite meloso do meu Nícolas.
Vivemos em um mundo apressado. Isso não é novidade nenhuma. Falta tempo, sobram "necessidades".
E nesse corre- corre da vida, às vezes me pego querendo que a Cecília tenha 3 anos, ou 6, ou 9, que já tenha idade para ir ao balé, que já saiba nadar, que traga amigas para um chá de bonecas.  Ou  querendo um Nícolas crescido, com dever de casa, ou até com uma voz grossa pedindo o carro emprestado.
Mas meus filhos crescem devagar. Graças a Deus! E é no dia-a-dia que vamos formando as recordações realmente importantes: os passeios no Praia Clube, as torcidas pelas panquecas da mamãe no café da manhã, os piqueniques de pipoca... E antes que cheguem em casa com a notícia de que se vão quero contabilizar mais de mil beijos babados, cerca de um trilhão de risadas, e muitos, muitos momentos simples do dia-a-dia para recordar.  Recordações  de um tempo que quero que seja eterno. Para isso, como Lenine, canto todos os dias que" a vida pede um pouco mais de calma, um pouco mais de paciência..." 

terça-feira, 19 de outubro de 2010

"Mãe é tudo igual, só muda de endereço"

Há alguns chavões sobre mães que estamos sempre escutando: “toda mãe quer ser perfeita”, “toda mãe se sente culpada por deixar o filho com outra pessoa”, “toda mãe chora no dia em que volta ao trabalho”. Eu pensava que eu seria diferente, afinal, sou uma mãe moderna, educada no século XX, filha da revolução sexual dos anos 70. Sou bem informada, moça estudada, não tenho medo de desafios e tenho até um blog!
Mas, devo confessar que eu gostaria de ser uma mãe perfeita, me sinto culpada por deixar o Nícolas com outra pessoa e, sim, eu chorei na quinta-feira. Chorei copiosamente. Não que eu não queira mais trabalhar. Quero! Não que eu ache que o Nícolas será infeliz por toda vida por não ter a mãe 24 horas por perto. Não que eu não tenha me preparado para esse dia. Mas, apesar de tudo, chorei; como tantas outras, menos modernas, menos esclarecidas. Talvez eu tenha que aceitar o chavão-mor, o mais irritante, o mais brega, que diz que “mãe é tudo igual, só muda de endereço”!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Sonhos e realidades

Quando sonhava em ser mãe, me imaginava sentada em uma confortável poltrona, lindamente instalada em um quarto de criança, com os meus dois pequenos no colo – um em cada perna, atentamente me ouvindo ler um livrinho infantil escolhido a dedo. É claro que eles já estariam vestidos com fofos pijamas de flanela pois, ao final da estória, eu os colocaria na cama e, com um beijo, diria um carinhoso “boa noite” para apenas reencontra-los no outro dia, com um lindo sorriso de “bom dia”.

A realidade é que o Nícolas nunca me deixou ler nem um livrinho para ele. O seu interesse não vai além da primeira página e, enquanto eu insisto em ler a estória e ele me convence que ele já sabe ler sozinho, Cecília, sentada no chão, tenta arrancar o coelhinho do último livrinho que acabei de comprar, ou tira todas as roupas do armário ou, com cara de quem está fazendo algo muito importante, tenta calçar o tênis do Nicolas, que está espalhado pelo quarto, junto com outros brinquedos que desisti de guardar. O “boa noite” vem sempre acompanhado de um “fica aqui no quarto só um pouquinho, mamãe” e antes do alegre “bom dia” a Cecília acorda muitas vezes porque perdeu o bico, ou porque quer leitinho ou simplesmente porque ficou com saudades e precisa de um colo para dormir de novo.

Por outro lado, na minha ainda curta jornada como mãe, já vivi coisas que eu nunca nem ousaria sonhar. As mães vão saber do que falo. É “insonhável” a imensa felicidade que sentimos quando ouvimos, pela primeira vez, o choro forte e estridente do nosso bebê e descobrimos, em um instante, que nunca mais seremos as mesmas. Da mesma forma, é impossível sonhar com a paz que sentimos quando, no silêncio da madrugada, amamentamos aquele minúsculo ser, vendo transbordar o leite na mesma medida em que transborda o amor. É “insonhável” a alegria que sentimos ao ver que aquele bebê já consegue pular de um pé só, estalar os dedos ou atravessar a piscina nadando “cachorrinho”. Eu jamais poderia sonhar em como é bom ver meus filhos brincando juntos, imitando um ao outro, fazendo barulhos engraçados e dando gargalhadas. E ainda tem o doce “mamãe” da Cecília e o seu ainda mais meloso “papai”, a almofada “contotável” (confortável) do Nicolas, o seu jogo de “chutebol” (futebol) e muitas “picocas” (pipocas) espalhadas pela casa. Ninguém pode sonhar em como é doce ouvir as primeiras palavras dos filhos!

Entre os meus sonhos e a realidade, fico com a realidade – mesmo que mais barulhenta e muito, muito mais “baguncenta”!

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Carta ao meu pequeno Nícolas

Meu querido filho,

Mamãe e papai estão muito felizes, porque a nossa família vai crescer e você ganhará um irmãozinho, ou irmãzinha.
Você certamente é muito pequeno para entender o que isso significa, mas não demorará muito a descobrir as alegrias de se ter um (a) irmão (a).
Talvez, no começo, sinta um pouco de ciúmes, talvez fique bravo com aquele (a) pequenino (a) que rouba tempo da mamãe, que divide as atenções do papai. Mas você logo compreenderá que o coração da mamãe é gigante, (maior até do que um elefante!) e que nele cabe infinito amor por você e outro infinito por seu (a) irmão (a). E que também o papai tem um coração maior que um campo de futebol, com espaço para todos nós. E rapidamente você também sentirá nascer, no seu coraçãozinho de criança, um enorme amor de irmão.
E esse (a) irmão (a), que primeiro será pequeno, logo ocupará um grande espaço da sua vida. Logo será o (a) seu (a) mais precioso (a) amigo (a), com quem você compartilhará as venturas e desventuras de ter uma mamãe como eu, um papai como o seu.
Em pouco tempo você descobrirá as delicias de brincar junto, de dividir o refrigerante, de brigar pelo melhor lugar no carro.
Você se sentirá a pessoa mais importante do mundo explicando para o (a) seu (a) irmão (a) que “a quarta-série é muito difícil, mas que se você fizer todos os deveres de casa você consegue passar!” ou que “a professora de ciências parece brava, mas na verdade até que é boazinha”.
E assim vocês crescerão juntos, descobrindo as semelhanças e diferenças, aprendendo a compartilhar e respeitar.
E chegará o dia em que no meio de uma conversa animada ou após deliciosas trocas de confidências, você olhará para este (a) irmão (a) e terá certeza que ele (a) foi o presente mais valioso que o papai e a mamãe lhe deram.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Série "esse não é meu"

Este texto recebi por e-mail. Como sempre, é de “autor desconhecido”.
Eu achei tão lindo e, acima de tudo, tão verdadeiro, que achei que valia a pena compartilha-lo aqui.

“Nós estamos sentadas, almoçando, quando minha filha casualmente menciona que ela e seu marido estão pensando em 'começar uma família'.
'Nós estamos fazendo uma pesquisa', ela diz, meio de brincadeira. 'Você acha que eu deveria ter um bebê?'
'Vai mudar a sua vida,' eu digo, cuidadosamente mantendo meu tom neutro.
'Eu sei,' ela diz, 'nada de dormir até tarde nos finais de semana, nada de férias espontâneas...
Mas não foi nada disso que eu quis dizer. Eu olho para a minha filha, tentando decidir o que dizer a ela. Eu quero que ela saiba o que ela nunca vai aprender no curso de casais grávidos. Eu quero lhe dizer que as feridas físicas de dar à luz irão se curar, mas que tornar-se mãe deixará uma ferida emocional tão exposta que ela estará para sempre vulnerável.
Eu penso em alertá-la que ela nunca mais vai ler um jornal sem se perguntar 'E se tivesse sido o MEU filho?' Que cada acidente de avião, cada incêndio irá lhe assombrar. Que quando ela vir fotos de crianças morrendo de fome, ela se perguntará se algo poderia ser pior do que ver seu filho morrer.
Olho para suas unhas com a manicure impecável, seu terno estiloso e penso que não importa o quão sofisticada ela seja, tornar-se mãe irá reduzi-la ao nível primitivo da ursa que protege seu filhote. Que um grito urgente de 'Mãe!' fará com que ela derrube um suflê na sua melhor louça sem hesitar nem por um instante.
Eu sinto que deveria avisá-la que não importa quantos anos ela investiu em sua carreira, ela será arrancada dos trilhos profissionais pela maternidade. Ela pode conseguir uma escolinha, mas um belo dia ela entrará numa importante reunião de negócios e pensará no cheiro do seu bebê. Ela vai ter que usar cada milímetro de sua disciplina para evitar sair correndo para casa, apenas para ter certeza de que o seu bebê está bem.
Eu quero que a minha filha saiba que decisões do dia a dia não mais serão rotina. Que a decisão de um menino de 5 anos de ir ao banheiro masculino ao invés do feminino no McDonald's se tornará um enorme dilema. Que ali mesmo, em meio às bandejas barulhentas e crianças gritando, questões de independência e gênero serão pensadas contra a possibilidade de que um molestador de crianças possa estar observando no banheiro.
Não importa o quão assertiva ela seja no escritório, ela se questionará constantemente como mãe.
Olhando para minha atraente filha, eu quero assegurá-la de que o peso da gravidez ela perderá eventualmente, mas que ela jamais se sentirá a mesma sobre si mesma. Que a vida dela, hoje tão importante, será de menor valor quando ela tiver um filho. Que ela a daria num segundo para salvar sua cria, mas que ela também começará a desejar por mais anos de vida -- não para realizar seus próprios sonhos, mas para ver seus filhos realizarem os deles.
Eu quero que ela saiba que a cicatriz de uma cesárea ou estrias se tornarão medalhas de honra.
O relacionamento de minha filha com seu marido irá mudar, mas não da forma como ela pensa. Eu queria que ela entendesse o quanto mais se pode amar um homem que tem cuidado ao passar pomadinhas num bebê ou que nunca hesita em brincar com seu filho. Eu acho que ela deveria saber que ela se apaixonará por ele novamente por razões que hoje ela acharia nada românticas.
Eu gostaria que minha filha pudesse perceber a conexão que ela sentirá com as mulheres que através da história tentaram acabar com as guerras, o preconceito e com os motoristas bêbados.
Eu espero que ela possa entender porque eu posso pensar racionalmente sobre a maioria das coisas, mas que eu me torno temporariamente insana quando eu discuto a ameaça da guerra nuclear para o futuro de meus filhos.
Eu quero descrever para minha filha a enorme emoção de ver seu filho aprender a andar de bicicleta. Eu quero mostrar a ela a gargalhada gostosa de um bebê que está tocando o pelo macio de um cachorro ou gato pela primeira vez. Eu quero que ela prove a alegria que é tão real que chega a doer.
O olhar de estranheza da minha filha me faz perceber que tenho lágrimas nos olhos. 'Você jamais se arrependerá', digo finalmente.
Então estico minha mão sobre a mesa, aperto a mão da minha filha e faço uma prece silenciosa por ela, e por mim, e por todas as mulheres meramente mortais que encontraram em seu caminho este que é o mais maravilhoso dos chamados. Este presente abençoado de Deus... que é ser Mãe!”

sexta-feira, 30 de maio de 2008

A volta da calça jeans

Um dos momentos mágicos da vida de uma mãe é o dia em que ela resolve experimentar a velha calça jeans que ficou mofando no armário por meses e, incrivelmente, ela serve!

Lá pelo quarto ou quinto mês de gravidez você nota que a calça está um pouco apertada; você está mesmo ansiosa para exibir a sua linda barriguinha e troca definitivamente a calça jeans por vestidinhos, batas, calças de malha.

Os meses vão passando e, por fim, você já não agüenta nem olhar para os seus lindos vestinhos, que, além do mais, já começam a ficar curtos, assim como as batas. Aquela barriga gigante começa a incomodar e, de repente, você sente enorme compaixão pelas pessoas gordas. Como esses seres conseguem viver com suas enormes panças, andando a passos de tartaruga e se cansando com meio metro de caminhada?

Aí chega o seu lindinho, ou lindinha e, apesar do seu pequenino já estar fora, a barriga continua por lá... Não se assuste se, eventualmente, você pensar ter sido vítima de erro médico. Não, não esqueceram nada dentro de você.

Mas você está muito envolvida com a sua nova função de mãe e decide não pensar neste problema por ora, como também decide não contar quantos dias não sai de casa ou quanto tempo não se arruma para um evento social; afinal, o seu bebê já resmunga no berço e é hora da rotina mamar-trocar fralda- brincar- fazer dormir.

Você se delicia com o seu novo papel de mãe.

Mas chega o dia, entretanto, que você se recorda de que tem outras vidas para viver, que há todo um universo para além da maternidade e, de soslaio, a sua calça jeans olha para você, lá do fundo do armário.

A calça jeans já não é mais apenas uma vestimenta. Ela é um símbolo. Representa tudo o que ficou esquecido por um tempo e que você chegou a pensar que nunca mais teria de volta.

Quando você consegue abotoar o seu bom e velho jeans você se sente a mulher mais poderosa do mundo; porque agora você tem tudo o que ficou pra trás, e ainda tem o pequeno resmungando no berço, enriquecendo sua vida de uma forma antes insuspeitada.

Sim, a volta da calça jeans é um momento mágico, em que se unem as duas, três, quatro, mil mulheres que há em você, todas lindamente vestidas de jeans, prontas para as maravilhosas aventuras da vida – todas elas, porque ser mãe é maravilhoso, mas ser mãe, esposa, profissional, amiga, filha... é muito melhor!