sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Mau humor

Tem dias em que o Nícolas acorda de mau humor. Talvez seja alguma dor de barriga, ou de ouvido, ou de cabeça ou simples mau humor mesmo, mas o fato é que tem dias em que nada está bom para ele. Qualquer brincadeira não dura mais do que 5 minutos e ele passa o dia choramingando. É exaustivo!
Hoje foi um desses dias. Percebi que a coisa não ia bem logo no primeiro contato. Ao invés do habitual sorriso em resposta ao meu “bom dia” recebi foi uma resmungada, com o pé ainda na boca. “Bom dia, dia!”, “Bom dia, sol”, uma imitação engraçada de sapo e consegui, enfim, o meu primeiro sorriso, ainda que de má vontade. Como sempre acontece nesses dias, houve choro na hora do banho e briga para vestir roupa. Não teve vaquinha, passarinho ou pato que resolvesse o problema. Lá pelas três horas, quando eu já tinha esgotado todo o meu repertório de brincadeiras, músicas e imitações e ainda tinha nos braços um bebê resmungão, resolvi adotar a medida extrema para esses dias: um passeio, em qualquer lugar! No caso, o supermercado, já que eu tinha esquecido de comprar yogurte na minha última ida. Boa desculpa para sair de casa.
No meu desespero, peguei o Nícolas e a bolsa e saí do jeitinho que estava – vestido já gasto de tanto uso, todo babado e amassado da labuta do dia, chinelo, cabelo preso com uma piranha. Só tive noção da minha situação deplorável quando me olhei no espelho do elevador, mas já era tarde para um retorno. Toca para o supermercado assim mesmo!
Lá chegando tive que atestar a tese de que as mulheres, de fato, são atraídas por homens que as desprezam, porque o Nícolas, com toda a cara de aborrecido, nunca foi tão assediado por mocinhas simpáticas e senhoras bondosas. Todas vinham falar com ele e recebiam, em troca, um olhar superior (quem é você que ousa falar comigo?), quando não um beicinho de choro. 
Tudo bem. Comprei meu yogurte, alguns outros itens de que não precisava, mas “já que estava ali...” e segui para o caixa, onde tive que passar a vergonha de constatar que, na pressa e sufoco para sair de casa eu tinha esquecido os cartões de crédito e o dinheiro na carteira não era suficiente para pagar o meu yogurte e os demais itens inúteis que resolvi comprar. Necessário cancelar a compra. Imaginando o tempo que teria que esperar até que o gerente viesse ao caixa para desfazer o mal feito, a moça simpática que vinha logo atrás resolveu perguntar quanto faltava para eu conseguir pagar as compras. Cata nota amassada no fundo da bolsa, cata moeda escondida e... falta apenas R$ 1,00, respondi. A moça simpática se ofereceu para pagar e eu fui embora, com o meu bebê mau humorado, meu yogurte e demais itens inúteis, tudo devidamente pago graças à caridade alheia.
No caminho de volta ainda tive ânimo para conversar com o Nícolas sobre a necessidade de combater o mau humor e cultivar a simpatia, afinal, as moças simpáticas e as senhoras bondosas mereciam pelo menos um sorriso...
Estou preocupada... Acho que estou me revelando uma mãe chata. Saio de casa feito louca, não tenho dinheiro para pagar as compras, mas não perco a oportunidade para uma lição de moral! Ainda que seja em um bebê de 4 meses...

Nenhum comentário:

Postar um comentário