terça-feira, 25 de setembro de 2007

Primeiras delícias da maternidade

Dia desses li uma crônica de José de Alencar em que ele falava das máquinas de coser, invento moderno, surgido no Brasil na época em que a crônica foi escrita. Mencionava, já com algum saudosismo, que estas máquinas iriam fazer desaparecer a figura da mãe, que com talento e paciência, costurava camisinhas de cambraia para o filho, “primeiras delícias da maternidade”, como ele descreveu. De fato, já vai longe o tempo em que as mães costuravam, com as próprias mãos, o enxoval do filho, mas isso não fez desaparecer a ternura, a dedicação e o amor com que as mães, desde sempre, se preparam para a chegada do seu bebê.
Eu fiz questão de lavar e passar as primeiras peças que comprei para o enxoval do Nícolas. E passei horas no seu quartinho, guardando tudo da forma que me pareceu mais conveniente. E, enquanto fazia isso, minha mente era povoada com os melhores pensamentos, com os sentimentos mais puros; sentia-me flutuar, sonhando com a realidade que me esperava. Não tenho dúvidas de que vivi, ali, as “primeiras delícias da maternidade”, igualzinho àquelas mães, do tempo de José de Alencar.
Eu penso que toda mãe também desfruta, a seu modo, essa delícia que é preparar-se para a chegada do seu bebê. Isso me fez pensar que o sentimento de mãe é atemporal e não tem modernidade capaz de suplantar o prazer de viver a espera do filho.
Portanto, Alencar, as máquinas de coser vão chegar, assim como as máquinas de lavar e as fraldas descartáveis, mas não se preocupe, porque o que é divino é também eterno e as mães serão sempre mães, apesar da globalização, do trabalho, do pouco tempo...

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